sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Estamos fechados.


Pensando naquelas grandes promoções que oferecem descontos enormes para os produtos que um dia já foram caros, mas hoje ninguém se esforça muito para tê-los pois estão ultrapassados e desvalorizados. É incrível como a roda do comércio funciona. Esses descontos atraem mesmo muita gente, oferta barata é certeza de povo interessado e sem condições de pagar o preço que vale.

Eu estava numa grande liquidação de mim mesma, me deixei abaixar tanto. Percebi que estava recebendo muito pouco por aquilo que eu sei que valho, deixei que levassem a mim em uma parcela apenas, uma pequena parcela de mim a quem estivesse disposto a estar comigo e não precisava se esforçar tanto assim. Comecei a me preocupar quando eu olhei no espelho e vi aquele reflexo cansado e abatido, cabisbaixo e sem perspectiva.
O ano mudou e a única coisa que sinto de diferente são as datas, os compromissos. Mudei apenas meu desejo de lutar pelas coisas, eu estou deixando que meus afazeres sejam maiores do que os prazeres e está bom assim. Eu cansei do beijo, estou cansada do volume alto, da batida envolvente da balada e me entrego a madrugadas como essa em que eu me inspiro para escrever a partir da minha própria desilusão. Que metódico uma escritora que digita seus melhores textos assim, emocionalmente abalada.
Meu cabelo desarrumado, meu vestido velho e o bom copo de café do lado. Parece clichê para você? Pois pra mim tornou-se rotina indispensável. Amanhã já é sexta-feira e eu só consigo pensar se eu vou conseguir acordar, e me sentindo bem de preferência porque eu preciso expor um sorriso por mais caído e fraco que seja. Não quero omitir a tristeza que em mim reside, só vou impor a felicidade que eu realmente deveria estar sentindo agora, quanta injustiça! Só que nem só de tristeza vivo eu, consigo no meio de todos esses problemas achar um motivo pequeno que seja para sorrir, essa capacidade nunca me falha.. nunca me deixou na mão pelo menos até hoje.

A questão é que a liquidação acabou. Todos os exemplares de mim já estão vendidos, muito mal vendidos digo. Sinto muito por não estar mais aqui, mas eu estou fechada a possibilidades emocionais. Tenho objetivos a serem cumpridos e não quero pessoas e seus sentimentos perto de mim, não vou me tornar uma daquelas pessoas velhas sentadas na cadeira de ranger, olhando fotos dos amigos que não estão ali e procurando motivos para uma família que não a rodeia. Tudo o que eu realmente preciso é de um tempo, e esse tempo chegou e está nas minhas mãos, eu vou voar para longe e me dei a oportunidade de falir. Eu fali de sentimentos e enriqueci de sobriedade, lucidez e força.

"Sinto muito, estamos fechados. Não volte amanhã, larguei tudo isso aqui e fui viver".

música enquanto escrevo: http://www.youtube.com/watch?v=daGcpvxPbCo

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