sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Máquina do tempo

E quem não gostaria de poder voltar em algum momento ou algum lugar, por meio de seus devaneios não pensará em nada além daquilo que já viveu. Sentava-se no canto da cama perto de tuas bonecas e fechava os olhos, sonhava e conversava consigo buscando suas próprias respostas. Estava com medo, assustada e decepcionada com o que o passou e havia guardado de si mesma.
Ela construiu em sua mente a máquina do tempo mais potente, movida a vontades e desejos presos em seu sub-consciente, era impossível prever sua próxima viagem, mas sua volta era certa já que sempre se decepcionava e ao invés de resposta sempre lhe sobravam as dúvidas. Rebelde e inconsequente era o modo como lhe pré julgavam sem antes terem trocado um dedo de proza que fosse, coitada era apenas uma criança mal compreendida em seus desejos. Quando tudo parecia não ter sentido ela se agarrava no último vagão de esperança que tinha se desprendido dos trilhos, embarcava sozinha rumo ao cair da sua mente.
De certo modo ela sabia que havia acontecendo enquanto ela estava ali assistindo seu passado, de dentro da máquina do tempo. E só conseguia ver a mesma incompreensão, mesma maldade com ela e a mesma dor -aquela dor- que jamais se apagará, seja passado ou num futuro próximo, a dor é presente e inapagável. Ainda que essa dor persista ela via que conseguiu ser criança pra poder dançar ciranda, pular a corda e riscar amarelinha.
Assim que acordou e viu a normalidade do lugar nem parecia que ela tinha viajado e voltado ao passado, até suas bonecas não saíram do lugar e assim ela percebeu que na verdade as situações haviam mudado, os momentos todos aproveitados e ela continuava ali, mesma face imutável de sorriso apago e olhos quase fechados. Então ela sorriu. Aos 16 não é mais criança, um futuro para criar, mais uma vez se foi e é impossível retornar em alguns momentos assim ao longo da vida. E me diz então, para onde deve ir, onde se encontrar. Pegou as suas coisas e foi viajar, arrumou as suas malas e reprogramou a sua máquina do tempo para que ela jamais pudesse voltar a momento nenhum, voltou a ser então somente a cama que ela repousava, o canto da cama em que ela deitava a cabeça e se transportava.
E se algum dia você se perguntar da menina de sorriso apagado que voltava no tempo a sonhar, ela continua no tempo, vivendo-o incansavelmente para que quando não mais estivesse em algum momento saber que havia aproveitado e assim não precisaria voltar atrás, uma vez bem feito para sempre durará.

Um comentário:

  1. Nossa, tu escreve de forma divina. Pode ser que a gente sinta vontade de voltar no tempo, achar que a gente fez algo errado mas fizemos que foi possível na época, e dai pensamos em voltar pra mudar, se pudessemos voltar nada teria acontecido do jeito que aconteceu até agora, e essa é mágica, viver, fazer o possivel, fazer o que se tiver que fazer, sem ter medo de estar errada, estar errada é crescer. Pois então, que se ela quisesse ainda voltar ao tempo, que fosse só para lembrar. Mas amei, super bem escrito, bem estruturado, me fez pensar bastante!
    http://lollyoliver.wordpress.com/

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