terça-feira, 7 de setembro de 2010

Liberdade aos 15 - Parte 1

"Liberdade, pra mim, é ter o poder de sair para o mundo parada no mesmo lugar."
Foi com um pensamento sonhador que ela arrumou cuidadosamente a mala, pegou tudo o que nessa jornada fosse necessário, ela juntou dinheiro e muita expectativa.
Entrava em conflito com você mesmo, admirava a liberdade aos 18, aos 21 ou até mesmo aos 40. Nunca entendeu o porque da liberdade aos 15, sem rumo algo mais vago de sonhos, ela só queria andar pelo mundo, mal sabia ela as ruas do seu bairro já sonhava a tempo com a grande cidade, com estados próximos e pensou nas mil maneiras de se sustentar na rua, como prostituir-se, roubar, menos se drogar. O mundo já era a droga que mais a consumia, então ela preferiu outros meios que a deixassem lúcida para poder raciocinar.
Na mala não colocou nenhuma fotografia, nem mesmo a da sua paixãozinha de escola, muito menos a do melhor amigo, preferiu apagar ali uma década e meia da sua vida deixando para trás tudo que recordasse os tais bons momentos que ela viveu ali.
Último dia de aula, mal sabiam seus colegas que aquele seria o último dia que a ouviriam gritar, falar alto, chorar e principalmente uma demonstração de afeto e carinho mesmo que de modo indireto a todos a sua volta, ela não queria ser notada, apenas sentida. Um abraço, um beijo no rosto, mordidas ou arranhadas ela possuía de vários métodos, dos mais masoquistas a massagem que faziam seus amigos dormir que nem anjos. Mal sabia ela também que aquilo faria tanta falta, ela guardou dentro do seu coração o máximo de momentos que pudessem caber. O sinal tocou, todos se despedindo como soubessem que amanhã, nem depois ela estaria ali. E os: "Te vejo amanhã", "Amanhã terminamos nossa conversas" serviam de tortura interna pra que ela chegasse em sua casa, desmancha-se a mala (como já teria feito tantas outras vezes) e voltasse a sua rotina normal de liberdade apenas nos pensamentos. Ela estava mais que decidida e quando viu a bolsa escondida e deixou lá, só a pegaria na hora de ir embora.
A noite foi caindo, vaga, lentamente. Ela tomou como de costume seu demorado banho, lavou bem a cabeça porque sabia que depois aquele dia, shampoo seria ouro. Se arrumou perfeitamente, jamais sua família desconfiava que ela poderia estar tramando algo do tipo, sempre muito fria e muito segura ela soltou em apenas uma frase todas as despedidas do mundo, em todas os idiomas: "Vó, vou na casa do meu amigo. Volto assim que me der vontade."

(Continua...)

5 comentários:

  1. Liberdade... As vezes lutamos tanto para consegui-la e nem sempre sabemos o que fazer com ela.
    Belo texto.

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  2. Concordo com o fabiano
    Temos que saber aproveitar a liberdade....

    acesse: www.cacodeplastico.blogspot.com

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  3. Liberdade... As vezes lutamos tanto para consegui-la e nem sempre sabemos o que fazer com ela.
    Belo texto. +1

    By @betoNRB

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  4. Porra, tuu é demaais garotaa ! Adooro teeu blog, te sigoo, leio sempree qe teem texto novoo e nãoo to comeentandoo pelaa indicaçãoo , é pooq a Leticia Fiorotto é o CARA ! seem palavraas @Keilocaaa

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Pode ler, pensar. Mas vamos comentar.